Artigo – A saúde mental da Polícia

O Anuário da Violência publicado no mês de julho traz dados fundamentais para compreendermos a dinâmica da violência e da segurança pública no Brasil. Em meio à queda de vários índices de criminalidade registrados no ano de 2023, o estudo traz um dado alarmante: o aumento do número de suicídios entre policiais no Brasil.

De 2022 para 2023, o número de casos teve aumento de 26,2%. Os dados compreendem policiais civis e militares da ativa, com ampla maioria entre estes últimos. São Paulo lidera essa triste estatística, seguido do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Na contramão destes números, Goiás apresentou queda desse índice e não contabilizou nenhum suicídio em 2023. Vale ressaltar que estes números podem ser ainda maiores, considerando a ausência de dados, de transparência e as subnotificações de secretarias de segurança de alguns estados.

No mesmo período, o número de policiais mortos em confronto em serviço foi de 54 no Brasil. Há mais policiais vítimas do suicídio que de confrontos armados, muito mais! Por ética e cautela, não apontaremos o número de suicídios neste artigo (os dados estão disponíveis no anuário). Há muito tempo o Estado tem negligenciado a devida atenção à saúde mental dos agentes de segurança. Policiais civis e militares exercem funções de alto risco, muito estresse, jornadas duras, hierarquia rígida e pouquíssimo amparo psicológico.

O suicídio é o último degrau de uma escadaria de transtornos mentais. Para chegar a esse ponto, o indivíduo está em sofrimento há tempo considerável, passando por etapas de negação da doença mental, perda de produtividade, idealização da autoquíria, seu planejamento e execução.

Desde 2021, os policiais civis de Goiás contam com o projeto Mente Sana, de amparo psicológico. Oferecido pelo Sindicato dos Policiais Civis de Goiás, o Mente Sana conta com psicólogos e psicólogas especializados na área da saúde do Sistema de Segurança Pública, que atendem gratuitamente nossos policiais, com resultados concretos na melhoria da qualidade de vida e na produtividade dos agentes e escrivães. As iniciativas existem, mas falta decisão política para garantir a saúde mental dos policiais e evitar que tantos desses profissionais sucumbam ao suicídio. É preciso atenção já!

Autores:
Renato Rick – Presidente do Sinpol;
Eufrásia Oliveira Campos – 2ª Vice-presidente do Sinpol.
*Artigo publicado nos jornais Diário da Manhã e O Hoje no dia 13 de agosto de 2024

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